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27/09/2016

Primavera de incertezas nos remates

Com redução de 15,9% no número de feiras e exposições de primavera no Estado, expectativa é de que alta dos preços do boi gordo melhore cenário.

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A retração no consumo de carne bovina, consequência das dificuldades econômicas do país, puxaram o preço do boi gordo para baixo, gerando certa apreensão entre os pecuaristas do Estado. Um dos sintomas é a redução de 15,9% no número de feiras oficiais de primavera, que caiu de 113 eventos em 2015 para 95 em 2016.

Às vésperas dos leilões no Rio Grande do Sul, o setor está dividido quanto à expectativa para a temporada. Enquanto alguns dirigentes se mostram confiantes, outros têm maior cautela.

Presidente do Sindicato dos Leiloeiros Rurais do Rio Grande do Sul (Sindiler-RS), Jarbas Knorr está otimista em relação aos preços médios e espera que sejam de 10% a 15% melhores do que no ano passado. Entretanto, estima uma oferta entre 10% e 15% menor.

— O tempo foi ruim para as pastagens, com frio intenso e muita chuva, o que atrasa um pouco o preparo dos animais — avalia Knorr sobre a expectativa de redução no número de exemplares.

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A estimativa de redução de animais não é generalizada. Algumas empresas estão percebendo o aumento da oferta. É o caso da Trajano Silva, que organiza seis remates de primavera. O leiloeiro Marcelo Silva considera que há uma sinalização positiva do mercado, pois o preço do boi gordo está reagindo — antes da Expointer estava em R$ 4,80 e agora próximo dos R$ 5,00, com perspectiva de chegar a R$ 5,50 durante os remates. O leiloeiro espera pelo menos repetir as médias praticadas na última temporada.

O leilão da GAP Genética, de Uruguaiana — que ocorre neste domingo e costuma ser o termômetro da temporada — terá incremento. Serão 20% a mais no volume de animais à venda — no ano passado foram 830 exemplares e nesta temporada serão 950, entre bovinos das raças angus, hereford, braford e brangus, além de cavalos crioulos.

Na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Angus, José Roberto Pires Weber, de modo geral a expectativa é mais "pé no chão" e "sem devaneios". O dirigente acredita que a partir de outubro, época em que tradicionalmente ocorre a retomada do preço do boi gordo, os compradores serão estimulados a investir em reprodutores:

— O nosso negócio, embora esteja preservado, também sofre alguns respingos da crise. Apostamos na liquidez e na manutenção dos preços do ano passado.

Considerando a situação econômica, o presidente da Comissão de Exposições, Feiras e Remates da Farsul, Francisco Schardong, avalia que a tendência é seguir os preços praticados na Expointer, que teve média de R$ 7,5 mil para os touros.

Criadores aprimoram estratégias de venda 

A GAP, com experiência de 110 anos no mercado, decidiu ampliar para 45% do total a oferta de reprodutores a preço fixo. Os criadores que compram pelo menos um animal em pista têm direito a escolher até dois lotes - cada conjunto tem de três a cinco touros ou de dez a 20 fêmeas. Em 2015, 25% dos animais foram neste formato. A estratégia ajuda a puxar a média para cima pois impulsiona a disputa pelos animais vendidos em pista.

O diretor comercial da GAP, João Paulo Schneider da Silva, conhecido como Kaju, destaca que, neste ano, o preço fixo será estendido aos cavalos crioulos.

— Com maior oferta a custo fixo, conseguimos vender mais animais — explica Kaju.

Para os que comprarem as duas espécies, a GAP oferecerá desconto de 2%. Outro atrativo é o cartão fidelidade, que a cada ano faz aumentar o percentual de abatimento, além dos prêmios para os três maiores compradores de touros, ventres e equinos — cada um será presenteado com um cavalo domado.

As estratégias foram pensadas para driblar a possibilidade de médias inferiores à última temporada e, desta forma, manter o faturamento, que em 2015 foi de R$ 6,7 milhões, incluindo equinos. Para os touros, a expectativa de Kaju é que a média seja equivalente ao valor de três a quatro novilhos gordos.

Mercado exige investimento

Apesar da crise financeira, as perspectivas para o mercado futuro são positivas devido ao crescimento da demanda por carne bovina, aumento da população e abertura de novos mercados, como China e Estados Unidos. Diante deste cenário, especialistas aconselham que os criadores avaliem estrategicamente os investimentos na temporada.

— As respostas aos investimentos feitos agora começarão a aparecer em 2020 — explica o pesquisador José Fernando Piva Lobato, professor do departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), lembrando que os produtores devem considerar o melhoramento genético do rebanho a médio e longo prazo.

Segundo Lobato, estudos mostram que os pecuaristas que sabem investir em anos de crise são os que maior têm retorno financeiro nos momentos de alta. Por isso, a dica é ficar atento aos indicadores de melhoramento genético que constam nos catálogos.

O presidente da Conexão Delta G, grupo de produtores que trabalha com melhoramento genético, Eduardo Eichenberg acredita que os produtores que levam a sério os programas de melhoramento genético dificilmente vão reduzir o investimento.

O consultor Fernando Velloso, da assessoria agropecuária FFVelloso & Dimas Rocha, também chama a atenção para a crescente valorização de animais com dados técnicos de avaliação em detrimento da simples análise visual feita até bem pouco tempo atrás, considerando apenas o desenvolvimento em relação à idade e a conformação genética.

— Cada vez mais o touro é um produto com tecnologia embarcada — diz Lobato.

O consultor avalia que as cabanhas e remates "tradicionais", que trabalham com programas de seleção, estão mais "blindadas" às incertezas econômicas. Já as cabanhas menos estruturadas sentirão maior impacto da instabilidade.

De modo geral, Velloso acredita que muitos compradores farão um "ajuste no desembolso" na hora de investir em reprodutores, fazendo compras mais econômicas. Esta decisão, a longo prazo, poderá impactar na receita já que os terneiros de um touro de menor qualidade serão desmamados com menor peso médio, por exemplo.

— Até que o setor resistiu bastante — reconhece Velloso.

Compradores de fora buscam raças sintéticas

O crescimento da participação de compradores do Brasil Central nos remates de primavera do Rio Grande do Sul refletiu no aumento da demanda por animas de raças sintéticas, como braford e brangus. A tendência é reforçada pelo incremento do número de registros.

De janeiro a setembro deste ano, a Associação Brasileira de Hereford e Braford (ABHB) contabilizou 31.538 novos registros de animais braford, alta de 3,4% em relação ao ano passado, quando os criadores registraram 30.498 exemplares.

— Compradores do Paraná e de São Paulo buscam animais do Rio Grande do Sul pela genética — comenta o gerente de operações da ABHB, Felipe Azambuja.

No caso da brangus, o aumento foi de 18% no número de registros, saltando de 5.568 de janeiro a julho de 2015 para 6.577 nos sete primeiros meses deste ano.

— Percebemos o crescimento da raça no mercado nacional e no Conesul — relata o presidente do Núcleo Brangus Sul, Pedro Tellechea.


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