No mesmo embalo do desacelerado 2015, o ano começou com queda no desempenho da economia de Caxias. Na comparação com janeiro passado, o primeiro mês de 2016 apresentou baixa de 18%. No acumulado de 12 meses, os prejuízos no desempenho já são de 19,3%.
A chegada da aguardada melhora no cenário segue sem data definida — principalmente em decorrência das incertezas políticas do país —, mas economistas e especialistas, por enquanto, apostam em estabilidade a partir do segundo semestre deste ano. Os números de janeiro, bem como as expectativas para os próximos meses, foram apresentados na tarde desta terça-feira pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC) e pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL).
A indústria lidera os números negativos da cidade em 2016. A queda em janeiro, na comparação com o mesmo mês do ano passado, foi de 22,2%. O alto número de empresas que optou por férias coletivas no período motivou o indicador de compras industriais a apresentar expressiva baixa de 40,3% em 2016.
— No acumulado de 12 meses, a queda na indústria é de 23,9%. Em apenas um ano, portanto, diminuímos praticamente 1/4 do nosso desempenho industrial — relata Mauro Corsetti, diretor de Economia, Finanças e Estatística da CIC.
O comércio apresentou desempenho semelhante ao da indústria, com queda de 21,7% em janeiro. No acumulado de 12 meses, o setor registra prejuízos de 29,2%.
— Viemos apresentando uma certa estabilização na queda, o que talvez indique que chegamos ao final do poço no comércio, ou seja, não vamos cair ainda mais. Resta saber se ficaremos no fundo por algum tempo ou iremos começar a subir — avalia Mosár Leandro Ness, assessor de Economia e Estatística da CDL.
Para Maria Carolina Gullo, diretora da CIC, ainda é prematuro falar em estabilidade. A economista acredita que a partir de março ficará mais claro apontar os rumos que 2016 irá tomar.
— O que se pode dizer hoje é que devemos ter um primeiro semestre negativo com melhora no segundo se o cenário nacional ajudar. Mas, se não houver mudança nas questões políticas e econômicas, não conseguiremos salvar 2017 e muito menos 2016.
Carlos Zignani, vice-presidente da CIC, também acredita em retração até junho na economia de Caxias com possível melhora no segundo semestre. Dessa forma, o ano terminaria num "0 a 0" em relação a 2015.
— Fevereiro deve ser positivo em relação a janeiro porque tivemos Festa da Uva, volta às aulas... Mas é importante salientar: essa ainda não será a recuperação chegando.
Cenário de oportunidades
Embora destaque que estamos vivendo um "quadro difícil e negativo", Astor Schmidt, diretor de Economia, Finanças e Estatística da CIC, avalia que um cenário de oportunidades se desenha. Para o executivo, a retomada das exportações e a substituição das importações pela produção local são alguns dos pontos positivos que vêm aparecendo e que devem tomar mais força nos próximos meses.
— Além disso, estamos com alta demanda reprimida motivada pela queda na ponta do consumo. As pessoas estão deixando de trocar de carro, geladeira... Tudo isso vai ter que ser compensando — acredita.
Schmidt ressalta ainda que a infraestrutura do país, cada vez mais "em pedaços", também será uma oportunidade, já que as frotas de caminhões e ônibus estão envelhecendo e terão que ser trocadas. Para Caxias, que é uma produtora de bens de capital, esse momento será de ascensão:
— A crise política e de ética está nos impondo um cenário sem perspectivas para o momento, mas isso vai mudar alguma hora.