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04/03/2016

Para analistas, recessão brasileira "chegou a um novo patamar" e pode piorar ainda mais

Produto Interno Bruto (PIB) caiu 3,8% em 2015.

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Maior tombo da economia brasileira desde 1990, a queda de 3,8% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 não chegou a ser surpresa. O resultado divulgado nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que a crise não se restringiu à indústria (-6,2%) no ano passado e chegou também ao setor de serviços, que engloba diversas áreas, como saúde, crédito e comércio, e representa 61% do PIB brasileiro e 71% dos empregos gerados no país. A queda foi de 2,7%. Para Fernando Ferrari, professor de economia da UFRGS, o contágio mostra que a recessão "chegou a um novo patamar".

Mesmo em períodos turbulentos na economia, o setor de serviços havia conseguido crescer. Foi assim no apagão do setor elétrico em 2001, na eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2003 e até na crise internacional em 2008. O comércio, que inclui atacado e varejo, teve recuo de 8,9%.

— Os dados mostraram que tivemos piora no quarto trimestre, período em que geralmente a economia vai um pouco melhor. Não há sinais de possibilidade de crescimento da economia no curto nem no médio prazo — afirma Ferrari.

A contaminação da crise política sobre a economia ficou mais evidente na queda de 14,1% nos investimentos das empresas. O segmento indica a capacidade do país de continuar crescendo no futuro: quando uma empresa planeja aumentar a produção, investe em máquinas, transporte e infraestrutura, por exemplo.

— Isso mostra que a confiança em relação ao futuro está cada vez menor. Se fosse apenas um problema econômico, a queda não teria sido tão acentuada e prolongada assim, é a sétima consecutiva — afirma o professor da UFRGS Giácomo Balbinotto Neto, ressaltando que esse indicador mostra que a economia ainda não chegou "ao fundo do poço".

A recessão foi tão enraizada que até a participação dos gastos do governo teve queda em 2015 (1%). Mesmo com necessidade de ajustes nas contas públicas, esse recuo não é necessariamente positivo, afirma Adalmir Marquetti, ex-presidente da FEE e professor de economia da PUCRS:

— Em época de crise, o governo deveria agir de maneira anticíclica e tentar animar a economia, ampliando gastos. Acontece que gastou demais e agora é preciso conter despesas, o que acaba aumentando ainda mais a recessão.


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