Paraná e Rio Grande do Sul são respectivamente, o segundo e o terceiro maiores produtores de soja do país - só perdem para o Mato Grosso. Embora os Estados do Sul tenham quase a mesma área plantada: o RS tem 13 hectares a mais, uma diferença de 0,2%, segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os paranaenses saltam à frente dos gaúchos devido à produtividade 10,2% maior. A explicação estaria sob as plantas.
– Temos o mesmo perfil de agricultores, as variedades usadas são semelhantes e as tecnologias disponíveis se equivalem. A explicação para essa diferença é a qualidade do solo – reconhece o secretário estadual de Agricultura do Rio Grande do Sul, Ernani Polo.
Enquanto o Paraná tem programas e incentivos há quatro décadas, o governo gaúcho lançou há quatro meses uma política visando a adoção de práticas de manejo e conservação do solo. Inspirado no Estado vizinho, o programa Conservar para Produzir Melhor está unindo profissionais do setor e entidades e promovendo encontros com produtores em todas as regiões para promover capacitação e conscientização, e prevê levar informações às escolas. Está previsto oferecer crédito para compra de equipamentos de irrigação, máquinas, terraçamentos e práticas conservacionistas.
– O programa tem dois vieses: aumentar a produtividade das lavouras e preservar o meio-ambiente. Cuidando do solo e da água, conseguiremos atingir os dois objetivos juntos – detalha o secretário.
No Paraná, os resultados do investimento em solo estão começando a ser mensurados. O monitoramento recém implantado deverá ser finalizado em 2018. Coordenador do Programa de Gestão de Solos e Água em Microbacias, o engenheiro agrônomo da Emater/PR Oromar João Bertol salienta que os ganhos podem ser observados principalmente em anos de seca – que é quando o solo mostra capacidade de reter água e produz bem.
Conforme a Conab, o último ano de estiagem causou menos prejuízos aos produtores paranaenses. Na comparação da safra de soja de 2011/12 com a anterior, no estado vizinho a queda foi de 29%, enquanto no RS foi de 43,8%.
– No Paraná, praticamente não há mais áreas para expansão geográfica da agricultura. Assim, a única saída para aumentar a produção é manter a fertilidade do solo para ampliar a produtividade – explica Bertol.
Entre as práticas adotadas estão os terraceamentos, curva de nível nas propriedades, plantio direto com qualidade e estradas rurais integradas com as lavouras. Esta última ação evita a perda de erosão e de fertilidade em decorrência do escorrimento da água das chuvas. Desde 2014, uma nova fase do programa incluiu a proteção das nascentes.
– Se não fizer a gestão correta das microbacias, o produtor não apenas vai registrar perdas no solo por conta da erosão e assoreamento, mas também pela perda da qualidade da água, com consequente redução da fertilidade da terra e da produção – afirma Ronei Luiz Andretta, engenheiro agrônomo da Secretaria estadual da Agricultura do Paraná e assessor técnico do projeto Gestão Integrada de Solos e Águas.