O agricultor Sinval Facchinello tem uma área de 380 hectares em Tuparendi, noroeste do Rio Grande do Sul. Ele estava pronto para comprar mais uma plantadeira para propriedade, mas resolveu esperar.
"Hoje na agricultura, com esse dólar pra cima e pra baixo, nós não sabemos onde vai parar. Tem que ter uma segurança”, diz Silval Facchinello, agricultor.
Ele não foi o único. Em Santa Maria, na região central do estado o cenário é o mesmo e ao invés de comprar novas máquinas, os agricultores optaram por arrumar as antigas. Em uma rede de reparos, a procura por conserto de tratores e colheitadeiras aumentou 30% no último ano.
"Nossa oficina tinha 14, 15 pessoas, hoje estamos com 20 mecânicos”, afirma Maurício Abreu, gerente de serviços.
Sem novos negócios, os pátios das indústrias e revendas ficam cheios. Em março as vendas até aumentaram 16% em relação ao mês anterior, mas na comparação com o mesmo mês do ano passado, caíram 43% em todo país.
Se as vendas caem, a produção também. O noroeste gaúcho é responsável por cerca de 70% da produção nacional de colheitadeiras.
Com a retração no mercado a produção de colheitadeiras por aqui também reduziu, em 3 anos essa indústria diminuiu a produção em cerca de 50%.
“A gente considera a dificuldade na liberação de crédito para o agricultor e as altas taxas de juros, comparado a dois, três anos acaba atravancando a aquisição de novas máquinas e implementos agrícolas", avalia Roberto Lopes Junior, diretor de operações AGCO.
Para manter os 470 funcionários, a empresa irá dar férias coletivas de 45 dias no próximo mês. No ano passado nove mil trabalhadores foram demitidos no setor metal mecânico do Rio Grande do Sul, quase três mil somente em Santa Rosa, mesmo com negociações sindicais.
"Fizemos flexibilização de jornada, redução de jornada com redução de salários. Os números não mentem, um grande número de demissões e o pior ainda disso tudo, que não parou", João Roque dos Santos, presidente sindicato metalúrgicos.