A recuperação do Índice de Desempenho Industrial (IDI-RS), que em fevereiro havia registrado crescimento de 1,2%, não se confirmou em março. Na comparação com o mês anterior, ocorreu recuo de 1,4%, excluídos os efeitos sazonais. As principais contribuições negativas para o IDI-RS, divulgado pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul nesta quarta-feira, foram as compras industriais e o faturamento, que ante fevereiro caíram 4,5% e 3%, respectivamente.
"O quadro geral para a indústria gaúcha continua bastante negativo e ainda não há elementos que possam indicar uma reversão dessa tendência no curto prazo. Além do impasse político, as restrições ao crédito, o aumento do desemprego e os baixos níveis de confiança em empresários e consumidores são empecilhos para a retomada na atividade", explicou o presidente da Fiergs, Heitor José Müller.
Outras variáveis que compõem o IDI-RS também tiveram perdas consideráveis em março. A utilização da capacidade instalada (UCI) caiu 1,4% na comparação com fevereiro e atingiu 78,6%. A pesquisa constatou ainda que a crise prolongada no setor impõe um forte e longo ajuste ao mercado de trabalho: o emprego (-0,3% em março) recua há 14 meses seguidos e a massa salarial (-1,8%), há 12. Apenas as horas trabalhadas na produção foram na contramão das demais e cresceram 0,5%. "Vale ressaltar que uma definição no campo político, independentemente do desfecho, pode tornar mais brando o cenário de incertezas e pessimismo. Para tanto, é preciso que o governo indique mudanças na condução da política econômica, sobretudo na área fiscal, e avance nas questões estruturais", aponta Müller, que ressalta o fato de os indicadores seguirem em declínio no primeiro trimestre, mantendo a projeção de queda expressiva para o setor em 2016.
Na relação com igual período do ano anterior, o recuo do IDI/RS foi ainda mais acentuado: caiu 10,6% em março, a 25ª queda seguida, e 8,1% no acumulado de janeiro a março. No acumulado do ano, o faturamento, as compras industriais e as horas trabalhadas recuaram 12,1%, 10,2% e 8,6%, respectivamente. O mercado de trabalho segue a mesma tendência no emprego (-9%) e na massa salarial real (-10,7%). Dos 17 setores pesquisados, 14 mostraram redução na atividade, os mais importantes veículos automotores (-17,3%), máquinas e equipamentos (-16,6%), móveis (-14,6%) e produtos de metal (-12,4%).