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09/06/2016

Pode faltar suco de uva na Serra Gaúcha e em todo o território nacional

Quebra da safra e aumento pela procura pode fazer com que o produto falte nos últimos meses deste ano.

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O Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin) admite que pode faltar suco de uva até o final do ano nas prateleiras dos supermercados. O presidente da Fundação Quintvs (entidade que realizou pesquisas voltadas ao setor vitivinícola), Paulo Mognon, tem certeza. As duas principais causas: quebra na safra da uva e aumento do consumo nos primeiros cinco meses deste ano. Os preços para o consumidor final dobraram em alguns casos.

Mognon, que representa a Quintvs, lamenta a falta do produto. Ele explica que a fundação realizou um estudo no início do ano que apontou para a falta do produto e sugeriu a possibilidade de importar suco de outros países. O levantamento foi apresentado às entidades ligadas ao setor e ao governo federal. A avaliação da pesquisa foi de precipitação e que os estoques das vinícolas atenderiam à demanda.

O vice-presidente do Ibravin, Oscar Ló, informa que, dos 108,3 milhões de litros de suco de uva integral natural comercializados no ano passado, 100 milhões eram provenientes de estoques.

_ A previsão de uma redução de cerca de 10% nas vendas para este ano, motivada pela crise econômica, traria um equilíbrio, evitando a falta do produto. No entanto, no primeiro trimestre, houve um crescimento de 6% nas vendas. Então existe, sim, a possibilidade de faltar suco até o final do ano _ admite Ló.

Este ano, a bebida já sofreu um reajuste de até 20%, segundo o Ibravin. Nos supermercados, o preço do integral e do orgânico passa dos R$ 9 o litro. Para o presidente da Fundação Quintvs, o suco a granel já foi reajustado em 100%.

_ É uma pena, pois existe um mercado que justifica o consumo. Estamos abrindo uma brecha para o consumidor buscar outra alternativa. O suco de uva está sendo elitizado _ destaca Mognon.

Na indústria e distribuidora Mais Fruta, de Antônio Prado, que trabalha basicamente com polpa de frutas e sucos concentrados, a quebra chegou a 75%. Por safra, a empresa processava 12 mil toneladas de uva. Este ano, o processamento foi de três toneladas. Resultado: não conseguiu atender a toda a clientela, e os que foram atendidos precisaram reduzir em até 30% os pedidos. O preço subiu mais de 35% e a empresa não descarta novo reajuste no segundo semestre.

_ Tivemos que direcionar a produção à polpa, que exige menos uva. Também passamos a produzir mais suco de maçã e outras frutas. O consumidor está buscando outras opções _ diz Mauro Schiochet, do departamento de marketing da empresa.

Segundo dados do Ibravin, a comercialização de sucos, especialmente os naturais e os integrais, cresceu 6% este ano. De janeiro a abril de 2016, foram vendidos cerca de 28,6 milhões de litros. No mesmo período do ano passado, a comercialização ficou em 27 milhões de litros.

O presidente da Associação de Produtores dos Vinhos dos Altos Montes (Apromontes), José Virgílio Venturini, acredita que a crise econômica nacional deve segurar o mercado e ajudar a suprir a demanda do ano:

_ A possibilidade de falta existe, mas é muito pequena, acredito que tenha quantidade suficiente para passar o ano tanto em estoques de vinhos, quanto de sucos _ afirma o empresário.

Mercado nacional

O problema não se restringe somente à Serra Gaúcha e deve se estender pelo território nacional. Conforme Valdir Cristófoli, diretor da Vinícola Serra das Galés, de Paraúna, em Goiás, a expectativa é que faltem sucos nos últimos três meses do ano. O empresário costuma comprar de 200 a 500 mil litros de suco de vinícolas do Rio Grande do Sul, no entanto neste ano isso não deve acontecer por dois motivos: a falta do produto e o preço.

_ Ano passado eu comprava por R$ 1,50 ao litro, neste ano o mais barato está custando R$ 3,20. Este valor é impossível repassar para o consumidor _ explica Cristófoli, que já foi procurado por pessoas do Sul interessadas em comprar os sucos que ele produz.

Já para o diretor comercial da Cooperativa Monte Veneto, de Cotiporã, Ildo Natalino da Silva, que vende principalmente para São Paulo, Fortaleza e Rio de Janeiro, a falta do suco é uma realidade.

_ Desde o início do ano os nossos principais clientes querem comprar mais, ter um estoque maior para não ficar sem. Se vendêssemos como no ano passado, nosso estoque duraria o ano todo, mas como estamos vendendo mais, deve chegar até novembro _ estima o diretor.

_ Quem ganhou com esta situação foram apenas empresas que detinham estoques muito significativos e que obtiveram um sobre preço em seus ativos na ordem de 50% apenas em função do cenário da escassez de matéria prima vislumbrada _ diz Mognon.¿

Outros sabores para atender à demanda

Para algumas distribuidoras da Serra gaúcha, a questão ainda não é motivo de preocupação, já que o abastecimento está atendendo à demanda do mercado. No entanto, a possível falta já é de conhecimento das empresas. A Boccati Vinhos, por exemplo, se programa para fazer um pedido maior no início do segundo semestre.

_ Nos últimos anos as vendas de suco de uva natural aumentaram e a procura pelo produto é bem grande. Como trabalhamos muito com brindes e vendemos para todo o Brasil, pretendemos fazer um estoque maior a partir do segundo semestre para evitar transtornos _ revela a coordenadora de comunicação Eduarda D'Agostini.

Na Vinícola Perini, de Farroupilha, que trabalha com estoque regular, a expectativa é atender a uma demanda maior em 2016 e segundo o diretor comercial, Franco Perini, isso não será um problema.

_ Não há segurança de que todos os anos teremos o produto disponível, pois dependemos da safra, então organizamos o estoque de forma que ano após ano, tenhamos como atender o mercado. E já que o mercado sinaliza a possibilidade de falta, vamos trabalhar com estoques maiores do que no ano passado, para nós será uma uma oportunidade_ comemora.

A Cooperativa Nova Aliança encontrou uma forma de driblar a crise e deixar de depender unicamente da safra da uva. Segundo o presidente Alceu Dalle Molle, embora o volume de suco integral natural em estoque esteja dentro da expectativa para atender o ano todo, considerando inclusive a possibilidade de crescimento nas vendas, a empresa trabalha no processamento de outras frutas para ter condições de enfrentar melhor as adversidades, como a quebra da safra neste ano, por exemplo. Assim, a partir de julho, planeja oferecer três novos sabores de sucos naturais: maçã, tangerina e outro que mistura laranja, mamão e maçã.

_ É uma alternativa que vai suprir uma demanda de mercado, mas também vai proporcionar que os nossos cooperados possam produzir outras variedades de frutas e ter também novas fontes de renda_ avalia o gestor.

Importação não é bem vista

 

Com a quebra na safra, no início do ano a Fundação Quintvs realizou um estudo com todos os setores da cadeia produtiva e previu a falta de suco e vinho a granel e solicitou permissão para a importação do produto de outros países. O documento foi enviado a todas as entidades representativas do setor e encaminhado aos governos estaduais e federal.

_ A resposta foi de que o diagnóstico era precipitado e de que os estoques atenderiam à demanda _ diz o presidente da fundação, Paulo Mognon.

A possibilidade continua sendo combatida pelas entidades. Segundo a Comissão Interestadual da Uva, em 2016 foram produzidos 301 milhões de quilos da fruta, enquanto no ano anterior a produção chegou a 704 milhões de quilos. Para o presidente da entidade, Olir Schiavenin, o ideal para atender a produção de derivados seria colher de 500 a 600 milhões de quilos no Estado.

_ Temos produto para abastecer o mercado, o que acontece é que houve uma baixa significativa nos estoques. O suco, por exemplo, deve chegar ao final do ano com estoques zerados e a produção vai depender da próxima safra. Ainda assim, somos contra a importação de qualquer produto a granel _ explica Schiavenin, afirmando ainda que a colheita em 2017 não deve ser muito grande, já que os parreirais ficaram bastante debilitados pelo clima instável do ano passado.

Para representantes do setor vitivinícola, "abrir os portões" para a importação é uma decisão prematura e que representa até mesmo um risco à sobrevivência dos produtores.

_ O suco não é fácil abastecer por outros mercados, o padrão de suco que o nosso consumidor está habituado não é qualquer região que é capaz de produzir por causa das variedades de uvas que utilizamos. Talvez fosse possível importar dos Estados Unidos algo parecido com o que temos aqui, mas a preços muito elevados e a logística não seria tão simples _ complementa Ló.


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