Se a saída do Reino Unido assusta os países membros da União Europeia também é motivo de assombro entre economias emergentes, como o caso do Brasil. No dia do anúncio do resultado nas urnas, a aversão ao risco levou turbulência aos mercados financeiros. No Brasil, a Bovespa caiu 2,82%. O contágio pode acontecer em duas diferentes frentes, explicam economistas.
O impacto financeiro é causado pelo aumento da aversão ao risco de investidores e a consequente retirada de dinheiro dos mercados emergentes, incluindo o Brasil, trazendo impacto adverso na taxa de câmbio, pressionando a inflação e a taxa de juros — afirma Rafael Lima, professor do Departamento de Economia da FEA-USP, ressaltando que, apesar do resultado negativo da bolsa, ainda é cedo para dizer se o reflexo será duradouro.
Para o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, a saída do Reino Unido da União Europeia agrega incertezas no curto prazo ao mercado brasileiro.
— É possível que a gente observe oscilações nos preços de ativos, como, de fato, já tem observado nos mercados. Cabe reiterar que o Banco Central está preparado para situações dessa natureza —_ diz.De acordo com Maciel, o mercado financeiro do país é robusto e os indicadores de liquidez são bastante positivos.
— O nível de reservas do país é superior a US$ 350 bilhões, há baixa exposição ao Exterior em termos financeiros. Isso tudo contribui para que o país possa enfrentar essa situação — acrescenta.
Existe também um impacto comercial indireto, afirma Pedro Raffy Vartanian, professor de economia da Universidade Mackenzie:
— Apesar da relação comercial do Brasil com o Reino Unido ser pouco relevante, pelo menos três dos nossos cinco maiores clientes no mercado internacional estão próximos ao olho do furação: Estados Unidos, Alemanha e Holanda.