Da France Presse
A transparência das multinacionais nos países emergentes piorou nos últimos anos, uma prova de que os esforços para reduzir a corrupção não são uma prioridade nas grandes corporações, denuncia um relatório da organização Transparência Internacional (TI).
No relatório, 12 empresas brasileiras foram incluídas: BRF SA (índice de 4,4) , Camargo Correa (2,1), Coteminas (1,1), Embraer (5,6), Gerdau (3,8), JBS (3,1), Magnesita Refratários (2,9), Marcopolo (4,4), Natura (4,7), Odebrecht Group (3,6), Votorantim Group (3,8) e WEG (3). Segundo o órgão, "0" significa menos transparente e "10" significa mais transparente.
A que obteve a melhor classificação no ranking de transparência foi a Embraer, que ficou em 19º lugar.
"Seja a campanha anticorrupção do governo chinês, o grande escândalo de corrupção no Brasil ou as alegações de desvio de fundos envolvendo o primeiro-ministro da Malásia, o impacto da corrupção prejudica seriamente as economias emergentes em um momento
na qual são fustigadas pela desaceleração do crescimento", afirma o relatório.
O documento baseia seus índices nas informações proporcionadas pelas próprias empresas, como a difusão de seus programas de luta contra a corrupção ou os detalhes que divulgam sobre a titularidade de suas filiais ou sobre o faturamento nos países em que operam, entre outros dados.
De acordo com a organização, as cem empresas com maior crescimento, baseadas em 15 países emergentes e operando em 185 países do mundo, alcançaram uma pontuação média de 3,4 pontos de 10 pontos possíveis, onde 0 significa menos transparente e 10 significa mais transparente. A pontuação média caiu ligeiramente (0,2%) em relação à última pesquisa feita em 2013.
"A atuação das multinacionais de mercados emergentes prossegue sem alcançar os parâmetros sobre transparência societária que se esperam das multinacionais que operam a nível internacional", afirma o relatório da ONG, que critica em particular os problemas das multinacionais chinesas.
A TI, que publicou o primeiro relatório sobre o tema em 2013, constata que os resultados continuam sendo "insuficientes". E isto apesar de casos recentes como os "Panama Papers, que mostraram para a opinião pública a necessidade urgente de acabar com o sigilo societário e renovaram o estímulo para ações por transparência empresarial".
Entre as empresas, a indiana Bharti Airtel (telecomunicações) e a malaia Petronas (energia) foram as que receberam as melhores pontuações por apresentarem informações detalhadas sobre suas filiais e suas participações, enquanto no outro extremo da lista estão nove empresas com pontuação zero (oito chinesas e uma do México).