Representantes do setor de aves, suínos e ovos relataram suas demandas ao presidente interino Michel Temer, em reunião realizada ontem, em Brasília. As principais solicitações dizem respeito à manutenção do estado sanitário e a busca por novos mercados de exportação. Além disso, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) apresentou os principais números do segmento, com o objetivo de destacar sua importância para a economia e a manutenção do emprego no Brasil. Participaram do encontro os ministros da Casa Civil, do Trabalho e da Indústria e Comércio.
"Pedimos, principalmente, atenção e investimentos em barreiras sanitárias em aeroportos e fronteiras devido ao aumento da entrada de estrangeiros durante as Olimpíadas", destacou vice-presidente de mercados da ABPA, Ricardo Santin. O atual status sanitário - livre de gripe aviária - é considerado, no momento, um dos trunfos para a venda de carne brasileira. Nesse sentido, a conversa com o presidente voltou-se para a necessidade de abrir novos mercados. "Precisamos de acordos comerciais, especialmente com países asiáticos, que garantam mais amplitude de comercialização para os produtos do agronegócio", conta Santin.
Ao apresentar dados do setor, a ABPA reclamou da inflação nos preços do milho e do farelo de soja. O aumento dos custos de produção, segundo a entidade, tem feito a indústria cortar postos de trabalho, além de fechar algumas plantas. Conforme Santin, o milho chegou a dobrar de preço em algumas ocasiões enquanto a soja teve valorização de 50% em determinados mercados. "Essa situação gera desiquilíbrio, pois não há como repassar esses patamares ao consumidor final", alerta o vice-presidente de mercados, ressaltando a tendência de queda na produção no segundo semestre por influência desse fator.
No primeiro semestre, entretanto, as exportações brasileiras de carne de frango registraram alta de 13,86% em volume na comparação com o mesmo período do ano passado. Ao todo, foram embarcadas 2,266 milhões de toneladas, cerca de 270 mil toneladas a mais. Houve retração de 1,24% na receita cambial em dólares do semestre, que fechou US$ 3,384 bilhões. Os embarque de carne suína também aumentaram nos primeiros seis meses do ano: 301,1 mil toneladas, ou seja, 55,5% de elevação, assim como receita cambial 2,3% maior.
O resultado das vendas externas é atribuído ao incremento do consumo chinês e a retomada das compras russas. A expectativa é manter os números positivos até o fim de 2016. Nesse cenário, a preocupação da ABPA é com o dólar. "Defendemos um equilíbrio da moeda norte-americana na casa de R$ 3,50", explica Santin. Para manter a produção e a competitividade nas exportações, também foi solicitado a Temer e ao ministro da Agricultura, Blairo Maggi, que tratem o controle da oferta do milho e da soja como questões estratégicas de governo.