Aguardado há pelo menos 15 anos, o comércio bilateral de carne bovina in natura (fresca e congelada) entre Brasil e Estados Unidos deverá finalmente ser anunciado nesta quinta-feira. Reunido com empresários e representantes do governo americano nesta semana em Washington (EUA), o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, espera assinar o acordo que irá selar a abertura do mercado mais exigente do mundo em questões sanitárias. Ao entrar na terra do Tio Sam, a carne brasileira terá passaporte para o Nafta e também para outros países que aceitam a lista americana.
– Está tudo encaminhado para o anúncio – disse Blairo Maggi, após participar ontem de reuniões com membros do Conselho das Américas e do Conselho Empresarial Brasil-EUA.
Embora os certificados sanitários estejam prontos, após vencidas diversas fases técnicas de auditorias nos dois países, o assunto é delicado politicamente para os Estados Unidos. Os produtores americanos são contrários ao acordo e, em período eleitoral, qualquer medida antipopular é avaliada com muita cautela pelo governo.
Em 2015, missão técnica americana esteve no Brasil para vistoriar frigoríficos do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Se confirmado, o comércio bilateral permitirá que frigoríficos brasileiros exportem carne in natura para os Estados Unidos, que também poderão colocar seus produtos no mercado brasileiro.
Com a medida, a expectativa é de que o Brasil seja um grande fornecedor de carne para hambúrguer aos americanos, com a venda principalmente de produtos que sobram no mercado nacional. Para eles, o Brasil representa uma oportunidade para negócios de cortes nobres, como picanha. Hoje, o Brasil exporta apenas carne industrializada aos EUA.
O acordo entre os dois países deve ser assinado hoje durante a reunião do Comitê Consultivo Agrícola Brasil-Estados Unidos. Com a abertura do mercado, a expectativa do governo brasileiro é aumentar as exportações em US$ 900 milhões por ano.