Enquanto os índices econômicos gerais ainda amargam fortes números negativos — a baixa em Caxias no acumulado do ano é de 12,4% —, algumas empresas da região vêm passando longe de quedas expressivas. Mais do que isso: em certos casos, existe perspectiva de crescimento para 2016 e até mesmo projeções que ultrapassam os dois dígitos.
Planejamento, investimentos em tecnologia e foco em inovação são alguns dos "segredos" apontados por quem vai na contramão da maioria. Além disso, reforçar a área de vendas, visando novos parceiros e clientes, é outra dica certeira para se manter bem no mercado, acredita o consultor e professor da área de negócios da Universidade de Caxias (UCS) Sidnei Fochesatto:
— É muito importante continuar investindo na área comercial, independentemente do tamanho da empresa. Em tempos de retração, vale tentar sair da região, explorar novos públicos e mercados — ensina.
Essa é, entre outras, uma das estratégias adotadas pela DiCorpo, de Caxias. No ano passado, a empresa cresceu 17% e, para este ano, a projeção de alta é de 25%.
— Em 2014, antes da retração aparecer, fizemos um planejamento focado na ampliação da carteira de clientes. Percebemos que o mercado iria encolher, então pensamos: 'que o público consuma menos das outras, não da gente'. O importante é ampliar a participação no mercado. Projetamos crescer 25% porque conseguimos ampliar a carteira de clientes em 60% — explica Júlio Sassi, diretor administrativo.
A manutenção da qualidade dos produtos, norteada por muitas pesquisas e investimentos em tecnologia, é outro fator que estimula o crescimento contínuo. A busca cada vez maior das pessoas por bem-estar é a base das criações:
— Nossas linhas são voltadas para que as pessoas se sintam bem. No nosso ramo, a roupa tem de ser bonita, mas sobretudo não pode incomodar — conta Verônica Sassi Nesello, diretora de criação e desenvolvimento.
A alta contínua nos resultados da DiCorpo tem estimulado expansões. No ano passado, a filial em Vale Real, que concentra toda a produção da empresa, foi concluída e deve ser ampliada no próximo ano. Também em 2017, a nova sede administrativa da companhia, que contará com três mil metros quadrados, será inaugurada em Caxias.
Meber investe R$ 1,5 milhão em tecnologia
Quando a retração atinge o mercado com força, como é o caso do momento atual, muitas empresas decidem que é hora de segurar investimentos e esperar o cenário melhorar. O movimento, porém, muitas vezes desatualiza os processos da companhia. Quando o momento econômico melhora, portanto, a concorrência acaba surgindo mais fortalecida.
Esse risco, a Meber Metais, de Bento Gonçalves, não corre. Neste segundo semestre, a empresa vai investir R$ 1,5 milhão em tecnologias para o parque fabril. De olho em inovações e tendências, a companhia também espera um desempenho "no azul" no final do ano.
— Notamos que o período mais crítico da crise no mercado já passou, mas a recuperação deve ser bem lenta. Decidimos então que não podíamos mais adiar os investimentos e, de forma consciente, estamos nos preparando para a retomada — avalia o diretor Carlos Bertuol.
Outro diferencial da Meber é a nova coleção Angra. A novidade foi pensada durante dois anos e apresenta soluções para banho e cozinha, conta Bertuol:
— Lançamentos sempre são investimentos, mas decidimos continuar nos modernizando, apostando sempre em qualidade e produtividade.
DICAS
— Elabore e acompanhe indicadores econômicos da empresa, com dados como faturamento e volume de vendas
— Nunca misture o dinheiro pessoal com o da empresa e mantenha um controle rígido do fluxo de caixa
— Faça um planejamento estratégico, vislumbrando quais são os objetivos do negócio a curto, médio e longo prazo
— Muitas empresas têm condições de exportar e não o fazem. Invista nesse caminho e na área comercial
— Valorize as pessoas, mantendo uma relação de transparência com os funcionários e ouvindo as demandas e as ideias sugeridas
Fonte: Sidnei Fochesatto, consultor e professor da área de negócios da UCS