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O cenário econômico é de incertezas. Os empregos demoram a retornar. As empresas voltaram anos no tempo em termos de vendas.O horizonte ainda preocupa. Mas tira o sono ainda mais de quem tem dívidas em atraso, de quem não conseguiu honrar com as prestações da casa, do carro, com as contas do telefone, da luz e com a fatura do cartão de crédito. 

Pesquisa do SPC Brasil aponta que 46% dos brasileiros entrevistados não terão condições de quitar suas dívidas em atraso nos próximos três meses. Isso prova que os trabalhadores inadimplentes estão descrentes quanto ao reequilíbrio das finanças pessoais no curto prazo. 

Seis em cada 10 entrevistados acreditam que a situação financeira piorou na comparação com o ano passado, seja em razão do endividamento, porque estão desempregados ou pelo fato de a renda ter diminuído. Detalhe: apenas uma em cada cinco pessoas ouvidas pelo SPC afirma reunir condições de pagar as dívidas integralmente nos próximos 90 dias.

Choca a informação de que 71,4% das pessoas com dívida em atraso se tornaram inadimplentes pela primeira vez, manchando seus nomes em cadastro de mau pagadores.

Em Caxias do Sul, uma das cidades brasileiras mais impactadas pela crise, em função do forte reflexo da retração na indústria pesada, a situação é lamentável. São 73 mil pessoas inadimplentes, e as dívidas somam mais de R$ 70 milhões no SPC da cidade. O volume de caxienses com contas atrasadas cresceu 6,5% no primeiro semestre de 2016.

De um lado, a inadimplência só não é maior porque o consumidor freou as compras. Do outro, o comércio vive o reflexo da crise na indústria, perdendo duplamente, porque o cliente endividado, além de causar rombo no caixa do varejo, não tem crédito para consumir.