O prejuízo a produtores brasileiros com a quebra de produção em lavouras de soja e milho em 2015/16 foi da ordem de R$ 16 bilhões, estimou nesta segunda-feira (29), o diretor da Wedekin Consultores, Ivan Wedekin.
"No curto prazo, precisaremos lidar com os produtores alavancados que enfrentam problemas causados por dívidas, câmbio e excesso de investimento", disse Wedekin em palestra de encerramento do 6º Congresso Brasileiro de Fertilizantes, promovido pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda) em São Paulo.
Wedekin chamou a atenção para o fato de que as duas principais fontes de recursos do crédito rural, a poupança rural e os recursos obrigatórios vinculados a depósitos à vista em bancos, vêm sofrendo com quedas de arrecadação decorrentes das desaceleração da economia. Juntas, as duas fontes foram responsáveis por pouco mais de 70% dos recursos destinados pelo governo federal ao crédito rural em 2015.
De acordo com Wedekin, entre dezembro do ano passado e julho deste ano, o volume captado por meio de depósitos à vista caiu de R$ 148 bilhões para R$ 130 bilhões (-12%). Já o montante proveniente da poupança rural recuou, ainda que de forma menos acentuada (-1,1%), de R$ 147 bilhões em dezembro de 2015 para R$ 146 bilhões no último mês de julho.
Ainda assim, o Brasil é um dos países cujos produtores convivem com a menor relação entre a receita bruta e recursos oficiais, indicou o consultor. Enquanto na Noruega 62% da receita bruta dos produtores é proveniente do governo, no Brasil apenas 2,6% da receita vem do Tesouro Nacional, de acordo com Wedekin.
Ele chamou a atenção também para a ainda baixa participação dos recursos emprestados por bancos a juros livres no montante de crédito rural, R$ 10,3 bilhões de um total de R$ 156,8 bilhões previstos em julho. O valor, contudo, é maior que os R$ 6,9 bilhões apurados há um ano. "Temos que buscar novas fontes de recursos e soluções de mercado são necessárias", apontou o consultor.
Em 2015, as cinco culturas que mais tomaram recursos de custeio foram soja, milho, café, cana-de-açúcar e arroz, nesta ordem, de acordo com dados apresentados por Wedekin. Já os Estados que mais tomaram crédito de custeio no ano passado foram Paraná (R$ 14,4 bilhões), Rio Grande do Sul (R$ 9,6 bi), São Paulo (R$ 9,3 bi), Minas Gerais (R$ 7,7 bi) e Mato Grosso (R$ 5,5 bi).