A indústria e o comércio caxiense vêm apresentando sinais de melhora no desempenho econômico nos últimos meses (ainda que bem leves). Por outro lado, o setor de serviços segue em baixa e ainda não entrou nesta tendência de evolução. Em parte, o fato de ter sido o último segmento a sentir os efeitos da crise, segundo especialistas, explica essa demora na recuperação. Pesa também nessa retomada o fato de o consumidor ter se adaptado a um orçamento mais apertado (e temendo o desemprego), passando a reduzir consideravelmente os gastos com beleza, alimentação e lazer, por exemplo.
Em janeiro deste ano, conforme relatório da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias (CIC), o setor de serviços apresentou prejuízos de 5,3% no acumulado de 12 meses. Em julho, no mesmo período, a queda foi bem mais expressiva: 8,9%.
– Serviços devem continuar sendo afetados nos próximos meses. O segmento demorou para sentir a crise, mas a retração chegou e agora tende a prosseguir – analisa Alexander Messias, diretor de Economia, Finanças e Estatística da CIC.
A perda do poder aquisitivo do caxiense é outro fator determinante para essa baixa, destaca Maria Carolina Gullo, diretora de Economia da CIC e diretora do Centro de Ciências Sociais da Universidade de Caxias do Sul (UCS). Somente na indústria, a massa salarial teve queda de 24,7% nos últimos 12 meses:
– Muitos serviços podem ser considerados supérfluos, então o consumidor vem reduzindo os gastos com eles – explica ela.
As áreas que englobam turismo, lazer e alimentação fora de casa são algumas das mais afetadas do ramo, destaca Shirlei Omizzolo, vice-presidente de Serviços da CIC:
– As famílias estão fazendo programas menos generosos, comendo em casa. Isso tudo impacta diretamente no mercado.
Shirlei cita ainda como impactadas as prestadoras de serviço das grandes empresas, que oferecem atividades de limpeza e segurança, por exemplo. O desempenho desses empreendimentos tem caído com a ociosidade das indústrias:
– As empresas estão usando o pessoal interno em serviços que antes eram terceirizados. A alta ociosidade impede uma demanda maior nessas prestadoras – relata.
Nos últimos 12 meses, o segmento de serviços fechou 2.057 vagas em Caxias do Sul. Somente em 2016, são 578 oportunidades a menos. Na cidade, o setor emprega, atualmente, 53.289 pessoas, e é a segunda área que mais concentra trabalhadores depois da indústria e construção civil, segundo o Ministério do Trabalho, Emprego e Renda.
Um conselho rotineiro passado por especialistas para enfrentar a retração é: ¿tire o `s¿ da palavra crise e crie¿. A orientação estimula empreendedores a usar a criatividade para impulsionar os negócios. Na Hamburgueria Juventus, esse conselho é quase um lema diário.
Neste mês, por exemplo, o estabelecimento investe em novidades para marcar a Semana Farroupilha. A hamburgueria sedia uma exposição com artigos do Museu Municipal que apresentam peças típicas da vida campeira, e o cardápio ganhou o reforço do Xis Gaudério. A iguaria é elaborada com ingredientes da culinária gaúcha (como picanha, tomate, cebola, queijo, maionese e pimentões coloridos com as cores da bandeira do Rio Grande do Sul) e custa R$ 20, sendo que com mais R$ 1 é possível levar um cevador para o preparo de chimarrão.
– Todo mundo, de uma forma ou outra, acaba sentindo a crise. Mas decidimos encarar ela com criatividade e sem nos encolhermos – destaca a sócia-proprietária, Jaqueline Comerlato.
Além da novidade no cardápio, a hamburgueria prepara um plano de expansão para breve. Ainda neste ano, a Juventus pretende abrir uma unidade no bairro Desvio Rizzo, estreando o modelo de franquia da marca.
– Também estamos começando a contratar agora as pessoas para o período do verão, época em que sempre reforçamos a equipe. Iniciamos esse processo com antecedência para podermos treinar bem o pessoal e mantermos o bom atendimento – afirma Jaqueline.