Mesmo reduzidos de 10 para seis dias, os festejos farroupilhas em Caxias do Sul são uma oportunidade especial para tirar bombachas do armário, dar um lustro nas botas e desfilar por aí exibindo todo o amor à tradição. De olho nessa chance, as vitrines estão cheias de novidades para compor o guarda-roupa campeiro. Pelo movimento, que vem se intensificando desde ontem — impulsionado pelo pagamento de salários —, a crise não afastou a clientela e a expectativa dos lojistas é repetir as vendas do ano passado.
Uma pesquisa do Pioneiro em três estabelecimentos do ramo (veja quadro) estima que o kit completo custaria na faixa de R$ 370 para peões, e R$ 400, em média, para as prendas. Para os pequenos, o valor é parecido: cerca de R$ 300 para eles e R$ 260 para elas.
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— Procuramos manter os mesmos preços do ano passado e até fazer algumas promoções para não afastar os clientes. Vendemos bastante no feriado e deve seguir assim até o dia 20 — avalia Ivete Teresinha Moretti, vendedora na Mundo em Dança, vizinha aos Pavilhões.
O estabelecimento aposta em dois diferenciais para turbinar as vendas. O primeiro é esticar o horário e os dias de atendimento: a loja abre de segunda a domingo, das 7h30min às 21h, sem fechar ao meio-dia. O outro é oferecer uma variedade imensa de produtos, que vão desde a pilcha, arreios para o cavalo, facas, cuias e artesanato.
Aproveitando as ofertas, o músico Jeferson Schossler, 25 anos, que deve se apresentar nos Pavilhões, e a professora Mary Vencato Rieff, 19, procuravam peças para incrementar o visual.
— A gente vai renovando algumas peças, para diversificar um pouco. Além disso, mulher de músico também tem de ficar apresentável — brinca Mary.
Novato na área, o mecânico Diego do Nascimento, 32, comprou a pilcha completa na última terça-feira: bombacha, guaiaca, chapéu, lenço... O destino dele, porém, será o Parque da Harmonia, em Porto Alegre, onde vai confraternizar com os parentes no piquete Beco do Carrapicho.
— Neste ano, sobrou um dinheirinho e resolvi comprar a pilcha toda — explica Nascimento.
Para quem não quer investir muito, algumas lojas apostam na locação de peças, principalmente vestidos de prenda, como é o caso da Querência das Pilchas, no bairro Pio X.
— É prático para quem não usa muito e quer variedade — detalha a vendedora Mira Gomes.
Inspirados na moda lançada pela apresentadora Shana Müller, os conjuntos de saia, faixa e blusa devem continuar os queridinhos das prendas novamente neste ano.
— Elas querem praticidade. Trocando apenas a blusa, é possível se apresentar de formas diferentes, ao contrário do vestido — analisa Mira.
Um time próprio para garantir exclusividade
Para se diferenciar, algumas lojas que vendem pilchas passaram a fabricar suas próprias peças, o que agrada ao consumidor principalmente pela exclusividade e oferta o ano todo. Na Caldart Pilchas, o time da costura conta com sete pessoas, que produzem vestidos, saias, blusas, bombachas, coletes e outras peças entre março e dezembro.
Na última terça-feira, na sala de costura no andar de cima da loja, as costureiras Santa Teresinha Santos, 59, e Claudete Roveda, 46, pregavam babados em um vestido e finalizavam as pregas em uma bombacha.
— A gente procura comprar tecidos diferentes e combinar para que cada peça fique exclusiva. Além de abastecer a loja, também atendemos sob medida e a invernadas de dança — explica Maria Ivone Caldart Sartori, sócia da loja com a irmã, Rosa Maria Caldart Lovizon.
Em função da procura, Maria Ivone também passou a alugar vestidos de prenda para crianças, como forma de atender à demanda de escolas. Segundo ela, os pedidos de reserva começaram ainda em julho.
Quem também trabalha com exclusividade é a Querência das Pilchas. Para garantir que as prendas não encontrem outras pessoas com a mesma roupa no baile, cada peça é criada por estilista própria, de acordo com o gosto do cliente. As araras também têm vestidos adulto para aluguel, que, conforme a vendedora Mira Gomes, tem bastante procura.
A Querência mantém a produção durante o ano todo, inclusive de tamanhos especiais para pilchas masculinas.