Ao pagar alguma compra no supermercado ou no comércio, está cada vez mais frequente escutar dos caixas: "não tem nada em moeda?". O apelo tem todo sentido: está faltando troco no mercado.
Neste ano, o Banco Central disponibilizou, até agosto, 366,13 milhões de novas moedas no país. Em todo 2015, o número total foi de 685 milhões, o que representa uma queda média proporcional de cerca de 20% na circulação de novas unidades. Em Caxias do Sul, as lojas e os supermercados vêm sentido com força essa baixa:
— A situação começou a piorar no final do ano passado. Está uma falta enorme. Além de todos valores de moeda, estamos tendo dificuldades também com as notas baixas, de R$ 2 e R$ 5, que estão cada vez mais escassas. O que ameniza um pouco é o crescimento das compras com cartão, que já supera 50% do total — conta Eduardo Slomp, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de Caxias (Sindigêneros), entidade que representa os supermercados.
Além da circulação, vem baixando ainda a produção de moedas, o que aponta que o problema não deve ser resolvido brevemente. Conforme a Casa da Moeda, enquanto no ano passado a quantidade fabricada foi de 897 milhões de unidades, para 2016 a estimativa é de 600 milhões — baixa superior a 30%.
Para evitar ficar sem troco, os estabelecimentos de Caxias recorrem aos bancos e a outros empreendimentos. O problema é que até mesmo pontos conhecidos por terem moedas de sobra, como estacionamentos, estão sendo impactados:
— Trabalho em dois estacionamentos e nos dois tem dias que a gente fica sem troco. O jeito é trocar com lojas e restaurantes que ficam perto. Quando a gente tem, empresta, quando não tem, pede. É assim o dia todo — resume Jardel Queiroz Bizarro.
O BC admite que, desde 2014, a volume de produção de moedas tem sido impactado por necessidade de redução da despesa pública federal. A autarquia acrescenta, porém, que a área técnica tem aplicado esforços "para administrar os estoques disponíveis com a finalidade de atender de forma mais equânime possível às demandas".
'O consumidor não pode sair lesado'
Embora a falta de troco seja um problema geral, o consumidor não pode, em hipótese alguma, sair prejudicado nesse cenário. O alerta é de Dagoberto Machado dos Santos, coordenador do Procon de Caxias. A responsabilidade de dar o troco correto é sempre do estabelecimento:
— O consumidor não pode sair lesado. Se não teve jeito de conseguir o dinheiro, o valor do troco deve ser arredondado para cima — destaca Santos.
Alguns empreendimentos, quando não conseguem o valor de devolução correto, oferecem vale-compra ou até mesmo balas como forma de pagamento. O consumidor, ensina Santos, pode aceitar, mas apenas se quiser:
— Tem que prevalecer o bom senso. Se o consumidor não vê problema no vale ou concorda com a bala, tudo bem. Mas se não achar correto, deve exigir seus direitos.
Quem se sentir lesado em alguma compra pode procurar o Procon de Caxias. O órgão atende na número (54) 151 ou na Visconde de Pelotas, 449, de segunda a sexta, das 10h às 15h (sem fechar ao meio-dia).
Curiosidades
:: Existem hoje em circulação mais de 24 bilhões de unidades de moedas
:: Em valor, o número representa R$ 6,11 bilhões
:: A disponibilidade per capita em moedas é de R$ 29,61
:: Por habitantes, a média é de 117 moedas
:: O custo médio de produção é de R$ 0,25 por nova unidade
Fonte: Banco Central do Brasil