Pesquisa divulgada pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) de Araraquara (SP) revela que a produção de laranja teve uma pequena melhora do mês de maio até agora. O aumento é de 1,3% em relação à primeira expectativa de colheita divulgada neste ano. Passou de 245,7 milhões de caixas para 249 milhões. Mesmo assim, continua sendo a pior safra dos últimos 25 anos.
A pesquisa foi feita em 900 dos 2,2 mil talhões de laranja que ficam em municípios de São Paulo e Minas Gerais, no chamado cinturão citrícola. Este é o segundo levantamento de um total de cinco realizados até o fim da safra 2016/2017. “É um leve crescimento de uma safra que já era estimada extremamente baixa. Nós estamos vivendo uma safra muito pequena”, disse Vinicius Trombone, coordenador da pesquisa.
Segundo ele, esse crescimento tem a ver com um número menor de frutas que caíram no chão, já que a colheita está mais rápida para atender a demanda da indústria de sucos. Além disso, as laranjas estão mais graúdas.
“Esse frutos cresceram e encheram mais de água. Então, exige-se hoje menos frutos para completar uma caixa de laranja de 40,8 quilos. São oito frutos a menos do que a gente tinha previsto em maio”, explicou Trombone.
Aumento insignificante
O aumento de 1,3% na expectativa da safra tem um impacto insignificante tanto para o produtor quanto para o mercado de sucos e de fruta para mesa. Isso porque a quebra na safra desse ano foi muito grande, cerca de 18%, em relação ao ano passado.
De acordo com Juliano Aires, gerente geral do Fundecitrus, essa é a menor produção dos últimos 25 anos, resultado do calor excessivo na época em que os frutos começaram a se formar e muitos acabaram morrendo.
As quebras nas safras no Brasil, maior produtor mundial, e nos Estados Unidos, o segundo maior, refletem no preço da laranja vendida pelos citricultores.
“São Paulo e Flórida produzem 90% do suco que é exportado no mundo. O nosso principal concorrente, tendo a safra reduzida, fez com que o preço do suco subisse sensivelmente porque os estoques de suco diminuíram”, disse o gerente.
A caixa está, em média, 50% mais cara em relação ao mesmo período do ano passado. Para o citricultor de Pirassununga Brayan Palhares, isso não cobre o prejuízo. Em algumas lavouras dele, a queda foi de 70%.
“Não compensa porque esse 50% é no dia de hoje, falando em fruta de mesa, de mercado, No caso da indústria, está praticamente tudo igual porque a gente já vinha de um contrato antigo, então mudou muito pouca coisa”, disse.